Nesta sexta-feira (8), o dólar iniciou o pregão em forte alta, influenciado pela preocupação dos investidores com o cenário doméstico, após a divulgação de um índice de inflação acima das expectativas e em meio à espera pelo anúncio de cortes de gastos públicos. No fechamento do dia anterior, a moeda norte-americana teve alta leve de 0,02%, sendo cotada a R$ 5,6752, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa, recuou 0,51%, encerrando em 129.682 pontos.
O aumento da inflação brasileira chamou a atenção dos investidores. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% em outubro, acima da projeção de 0,53% do mercado financeiro. Esse resultado gera preocupação quanto à política fiscal do governo, que estuda anunciar um pacote de cortes de gastos públicos. Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que aguarda a aprovação do presidente Lula para definir detalhes do plano.
Abertura do Dólar e do Ibovespa
Às 09h05, o dólar apresentava alta de 1,06%, cotado a R$ 5,7351. No dia anterior, a moeda teve um leve aumento de 0,02%, fechando a R$ 5,6752. A performance semanal registrava uma queda acumulada de 3,32%, um recuo mensal de 1,84%, mas um ganho expressivo de 16,95% ao longo do ano. Já o Ibovespa iniciou suas operações às 10h, após fechar o último pregão com uma queda de 0,51%, a 129.682 pontos. Com esse resultado, o índice acumulava alta de 1,22% na semana, ganho de 0,02% no mês, mas um recuo anual de 3,36%.
Expectativa por Pacote Fiscal
O foco do mercado financeiro no Brasil permanece voltado ao ajuste fiscal que o governo promete desde o término do segundo turno das eleições municipais, no fim de outubro. As reuniões da equipe econômica com diversos ministérios ao longo da semana visam definir o escopo e o impacto dos cortes de gastos necessários para o cumprimento do novo arcabouço fiscal, conjunto de regras que delimita o limite de gastos públicos.
Em paralelo, dados do Tesouro Nacional divulgados na quinta-feira indicaram que o déficit nas contas do governo chegou a R$ 105,2 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, superando o resultado negativo de R$ 94,3 bilhões no mesmo período de 2023. Esse desempenho sinaliza um desafio para o governo, que tem a meta de equilibrar o orçamento e zerar o déficit até o final de 2024.
Cenário Internacional: Corte de Juros pelo Fed e Eleição de Trump
No cenário externo, os investidores seguem avaliando os efeitos da recente decisão do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, que reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4,50% e 4,75%, após um corte maior de 0,50 p.p. na última reunião. A ação do Fed reflete uma visão de crescimento econômico robusto, mesmo com a inflação americana ainda elevada, apesar de estar mais próxima da meta de 2%.
Além disso, a recente eleição de Donald Trump para um novo mandato presidencial, com início previsto para 2025, traz novas incertezas. Especialistas projetam um possível impacto inflacionário que pode pressionar o Fed a adotar uma política monetária mais restritiva nos próximos anos. Juros mais altos nos EUA tendem a atrair capital para os títulos do Tesouro americano, considerados seguros, o que poderia valorizar ainda mais o dólar frente a outras moedas, incluindo o real.
Fonte: Portal do Agronegócio