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12-03-2025

Emissões de carbono na agricultura brasileira são estimadas em 11,54 dólares por tonelada

O preço das emissões de carbono na agropecuária brasileira foi estimado em 11,54 dólares por tonelada de gás carbônico equivalente (US$ 11,54/tCO2e). Esse valor foi calculado por um estudo da Embrapa Territorial (SP) embasado em trabalhos científicos de diversos países. Foram analisados valores, métodos de cálculo e fatores que determinam o preço do carbono emitido pela agricultura ao redor do mundo. O trabalho foi publicado no primeiro número de 2025 da Revista de Economia e Sociologia Rural, editada pela Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober), leia o artigo aqui.

Foto: Hugo Kern

A economista Daniela Tatiane de Souza, analista da Embrapa, relata que poucos estudos se baseiam em critérios científicos e sistemáticos para precificar as emissões de carbono na agropecuária. “Ter uma estimativa de valor é importante para que as empresas e instituições, que queiram desenvolver programas e políticas de incentivo a práticas sustentáveis, tenham preços de referência”, explica.

Como o estudo foi realizado?

A equipe da Embrapa conduziu uma revisão sistemática de publicações científicas sobre precificação do carbono na agropecuária ao redor do mundo, a partir de fontes como Science Direct, Web of Science, Springer, Wiley Online e Google Scholar. A pesquisa considerou diferentes metodologias para a precificação, incluindo custo marginal de abatimento, modelos de avaliação integrada e preço sombra. Foram selecionados 32 estudos, abarcando o período entre 2004 e 2024. O maior número de trabalhos tem origem na China, Austrália e Reino Unido.

Os valores encontrados para a tonelada de CO2 equivalente variou bastante: de US$ 2,60 e US$ 157,50/tCO2e. Souza explica que isso é natural, já que os artigos analisados utilizam métodos distintos e tratam da agricultura em países com níveis de adoção de tecnologias diversos. O trabalho atualizou os valores monetários referentes a diferentes períodos para o equivalente no ano de 2024.

A revisão sistemática revelou os principais fatores que influenciam o custo das emissões de carbono na agropecuária. O principal deles é o Produto Interno Bruto (PIB) de cada país. “Qualquer variação no PIB afeta o preço do carbono. Verificou-se que economias maiores tendem a ter preços de carbono mais baixos. Se aumentar o nível de CO2 na agricultura, o que vai acontecer com o preço do carbono? Em mercados voluntários ou menos regulamentados, um aumento nas emissões de COâ‚‚ pode não resultar em preços mais altos para o carbono”, detalha a economista. Além do PIB e do nível de emissões de CO2, são considerados, principalmente, a participação da agricultura na economia e o uso de fertilizantes nitrogenados.

Para estimar o preço do carbono para a agropecuária brasileira, a equipe da Embrapa Territorial utilizou esses fatores determinantes globais. Com dados próprios do Brasil e adotando um modelo econométrico, chegou-se ao preço de US$ 11,54/tCO2e. De acordo com Souza, o valor está próximo do que tem sido observado no mercado voluntário internacional de carbono, para a agricultura.

Foto: Wenderson Araujo

“É importante reconhecer que, em alguns casos, o aumento do nível tecnológico da produção pode elevar as emissões. Mas, quando pensamos na sustentabilidade de forma mais ampla, isso é compensado com ganhos na produtividade e maior sequestro de carbono nos sistemas agropecuários”, pondera o chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti. “Por isso, também temos feito pesquisas aqui para mensurar o carbono capturado, permitindo uma visão completa do balanço de carbono nos sistemas de produção do Brasil”, complementa.

Este é o segundo estudo publicado pela Embrapa Territorial com a precificação do Carbono no setor rural. Em 2024, o mesmo grupo de pesquisa estimou o valor para uma das principais cadeias produtivas do agronegócio nacional: a da laranja. Para a citricultura brasileira, o preço calculado foi de US$ 7,72/tCO2e. O centro de pesquisa também mensurou o estoque de carbono no cinturão citrícola brasileiro, em parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), e com o apoio financeiro Fundo de Inovação para Agricultores da empresa Innocent Drinks, do Reino Unido. O volume de carbono nos pomares, no solo e nas áreas com vegetação nativa nas fazendas produtoras da fruta foi estimado em 36 milhões de toneladas.

Assista ao vídeo clicando aqui.

Fonte: Assessoria Embrapa Territorial

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