O plantio da soja avança em ritmo acelerado nas principais regiões produtoras do país, com destaque para o Paraná e Mato Grosso do Sul, que registram as condições agronômicas mais sólidas desta safra. De acordo com dados da TF Agroeconômica, o Rio Grande do Sul já implantou 60% da área de 6,74 milhões de hectares, enquanto o Mato Grosso encerrou tecnicamente a semeadura e concentra agora suas atenções na fase de enchimento de vagens.
Em termos de preços, o cenário se mantém variado. No porto gaúcho, a saca foi cotada a R$ 140,00, enquanto no interior os valores oscilaram entre R$ 121,00 e R$ 132,00, conforme a região. Em Santa Catarina, o avanço no plantio é irregular devido à instabilidade das chuvas, especialmente no Planalto Norte, e os preços seguem estáveis, com R$ 140,53 por saca no porto de São Francisco.
No Paraná, as condições climáticas favoráveis e o bom desenvolvimento das lavouras mantêm o estado entre os mais promissores do país. Em Paranaguá, a saca chegou a R$ 141,88, enquanto em Cascavel e Maringá os preços ficaram em torno de R$ 130,00. Já Ponta Grossa registrou R$ 133,98 FOB e R$ 120,00 no balcão.
No Mato Grosso do Sul, o plantio atinge 95,6% da área estimada, com lavouras em desenvolvimento uniforme. Em Dourados, Campo Grande e Sidrolândia, o preço foi de R$ 126,63 por saca, enquanto em Chapadão do Sul e Maracaju os valores ficaram próximos de R$ 123,91.
Preços regionais refletem estabilidade e cautela
No Mato Grosso, o maior produtor nacional, os preços apresentaram pouca variação: Campo Verde, Primavera do Leste e Rondonópolis registraram R$ 124,41 por saca, enquanto Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum ficaram em torno de R$ 117,98.
Segundo analistas, o mercado físico demonstra resistência ao avanço comprador, especialmente em regiões onde produtores optam por esperar melhores margens antes de fechar novos contratos. O ritmo das negociações segue moderado, influenciado tanto pela logística interna quanto pelas incertezas externas.
Fatores políticos e tensões comerciais influenciam o mercado da soja
O mercado internacional da soja continua impactado por fatores políticos e estratégicos, especialmente no relacionamento entre Brasil, China e Estados Unidos. A TF Agroeconômica destaca que a China tem mantido as compras de soja norte-americana, já alcançando cerca de um terço da meta comercial acordada após reuniões bilaterais.
Apesar de os preços sul-americanos — sobretudo de Brasil e Argentina — se mostrarem mais competitivos, as compras chinesas são motivadas por decisões políticas e pela tentativa de equilibrar o mercado global. Desde fevereiro, esse tipo de movimentação tem alterado o fluxo de exportações e pressionado as cotações.
Outra preocupação vem do ritmo irregular das aquisições chinesas, que alternam embarques graduais e lentos, gerando incerteza entre exportadores brasileiros. Analistas apontam que essa estratégia tem efeito psicológico sobre o mercado, reduzindo o volume de negócios no curto prazo.
Rumores e impacto pontual sobre as exportações brasileiras
Recentemente, rumores sobre a suspensão temporária das compras chinesas de soja brasileira aumentaram a tensão no setor. A especulação surgiu após a detecção de resíduos de pesticidas em uma pequena carga de trigo armazenada no porão de um navio com 69 mil toneladas de soja.
A TF Agroeconômica esclarece que o caso foi isolado, resultando apenas no bloqueio de cinco unidades entre mais de duas mil habilitadas a exportar para a China. Segundo a consultoria, o episódio não afeta o fluxo comercial nem altera os contratos vigentes.
Atraso no plantio argentino adiciona pressão aos preços
Na Argentina, o ritmo de plantio segue lento, com 36% da área total semeada, abaixo da média histórica. Apesar das boas condições de umidade, o atraso no cronograma adiciona um componente altista aos preços internacionais, podendo beneficiar momentaneamente as exportações brasileiras.
Fonte: Portal do Agronegócio
