Os preços futuros do café iniciaram esta quarta-feira (30) em alta nas bolsas internacionais, com destaque para o robusta, que registrava valorização superior a 4% na Bolsa de Londres. A movimentação ocorre em meio à expectativa sobre a entrada em vigor da tarifa de 50% sobre o café brasileiro anunciada pelo governo dos Estados Unidos, prevista para o dia 1º de agosto.
Participação brasileira nas exportações para os EUA preocupa setor
Segundo o Cepea, o Brasil foi responsável por cerca de 23% do total importado pelos Estados Unidos em 2024, mantendo-se como principal fornecedor. A Colômbia respondeu por aproximadamente 17% e o Vietnã por 4%. Enquanto o café colombiano permanece isento da nova taxação, o Vietnã negocia uma alíquota reduzida de 20%, em vez dos 46% inicialmente propostos.
Lobby tenta excluir o café da taxação de Trump
O setor cafeeiro norte-americano tem se mobilizado para evitar a aplicação da tarifa. De acordo com informações da Reuters, o Congressional Coffee Caucus e outras entidades vêm pressionando o governo para excluir o café da medida, sob a justificativa de que não há substitutos viáveis produzidos nos EUA. O próprio secretário de Comércio norte-americano reconheceu, nesta terça-feira (29), que commodities não cultivadas localmente podem ser isentas das tarifas.
Avanço da colheita no Brasil e impacto sobre os preços
De acordo com boletim do Escritório Carvalhaes, a colheita da safra 2025/26 de café no Brasil já ultrapassou os 70%. No entanto, há preocupação com a renda da safra de arábica, que deve apresentar quebra acima do padrão usual.
Cotações futuras apresentam ganhos na manhã desta quarta
Por volta das 9h (horário de Brasília), os contratos do arábica registravam os seguintes resultados:
Já os contratos do robusta em Londres apresentavam:
Robusta recua em Londres, mas com perdas limitadas
Na terça-feira (29), os preços do café robusta encerraram o pregão em baixa na ICE Futures Europa. O mercado seguiu o movimento de desvalorização do arábica em Nova York, influenciado pela expectativa de maior oferta global. A colheita da safra brasileira avança bem e o café robusta da Indonésia já começa a entrar no mercado. Além disso, as condições climáticas seguem favoráveis para a próxima colheita no Vietnã, prevista para o final do ano.
Apesar disso, as perdas foram amenizadas por correções técnicas, já que o mercado vinha operando em níveis historicamente baixos, os menores em cerca de 16 meses.
Expectativa em torno da efetivação da tarifa de 50%
O mercado segue atento à decisão final sobre a tarifa de 50% que pode ser aplicada sobre o café brasileiro a partir desta sexta-feira (1º). Com a redução no ritmo das exportações brasileiras nos últimos meses, cresce a incerteza sobre os impactos da medida no comércio internacional e no consumo norte-americano.
Em nota divulgada pela Reuters, o Rabobank alertou:
“A implementação dessa taxa não só levará a uma interrupção parcial nos fluxos comerciais de café ao redor do mundo como também pode reduzir o consumo dos EUA. Mas não está claro se essa taxa entrará em vigor nessa data ou se haverá uma exceção para o café”.
Encerramento da terça-feira (29) no robusta em Londres
O cenário segue marcado pela instabilidade, tanto por fatores externos como a política tarifária dos EUA, quanto por fundamentos de oferta e demanda no mercado global.
Fonte: Portal do Agronegócio