A comercialização da soja no Brasil segue em ritmo lento, com produtores enfrentando dificuldades logísticas, gargalos de armazenagem e pressão sobre os preços em diversas regiões.
No Rio Grande do Sul, a TF Agroeconômica destaca que a comercialização tem sido impactada por perdas na produção e entraves logísticos. Os preços reportados para entrega até 7 de agosto foram de R$ 139,00 no porto (+0,72%). No interior, os valores variaram conforme a praça:
Em Santa Catarina, o aumento da produção estadual somado à chegada da safra de inverno está sobrecarregando a capacidade de escoamento. No porto de São Francisco, o preço da saca caiu 1,16%, sendo cotada a R$ 137,13.
No Paraná, as cotações variam conforme a região, refletindo os desafios logísticos:
No Mato Grosso do Sul, a lentidão nas vendas é atribuída à falta de armazenagem e à dificuldade logística, que limitam a capacidade de negociação dos produtores. Os preços do spot ficaram estáveis em várias praças:
Já no Mato Grosso, embora o estado tenha ampliado as exportações para a China, enfrenta um gargalo logístico crítico. As cotações nas principais praças foram:
Chicago: estabilidade com viés negativo e foco nos prêmios no Brasil
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros da soja apresentaram estabilidade na manhã desta quinta-feira (31), refletindo a ausência de novos fatores de impacto. Às 7h20 (horário de Brasília), o contrato de setembro permanecia estável em US$ 9,75 por bushel, enquanto o de novembro recuava levemente, a US$ 9,95 por bushel.
O mercado segue cauteloso após perdas superiores a 1% na sessão anterior, influenciado pela falta de avanço nas negociações entre China e Estados Unidos — o último encontro, em Estocolmo, sequer tratou de produtos agrícolas, como a soja. Com isso, a demanda chinesa pela oleaginosa norte-americana continua fraca.
Nesta quinta-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) deve divulgar os números semanais de exportações, que podem provocar reações pontuais nos contratos futuros. No entanto, as condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento das lavouras nos EUA seguem como fator de pressão sobre os preços.
Clima positivo nos EUA e queda em Chicago
Na quarta-feira (30), a soja registrou nova sessão de queda em Chicago. O contrato de agosto — referência para a safra brasileira — caiu 1,43% (14,00 cents/bushel), encerrando o dia em US$ 967,75. Já o contrato de setembro recuou 1,39%, fechando a US$ 975,75/bushel.
Os derivados também acompanharam o movimento de baixa:
Entre os principais fatores para a queda estão as boas condições climáticas nos Estados Unidos, com previsão de chuvas acima da média nas próximas duas semanas, e a ausência da China entre os principais compradores, país que normalmente responde por cerca de 50% das exportações norte-americanas.
Analistas também avaliam a possibilidade de uma trégua tarifária de 90 dias entre EUA e China, o que pode adiar novas decisões de compra por parte dos chineses. Além disso, após recordes de importações no início do ano e o aumento dos estoques locais de farelo, a demanda chinesa tende a diminuir nos próximos meses. De acordo com o analista Wang Wenshen, as compras do quarto trimestre podem ficar abaixo do esperado caso os preços permaneçam baixos e as margens das processadoras continuem apertadas.
Prêmios continuam sustentando preços no Brasil
Enquanto Chicago enfrenta volatilidade, os prêmios de exportação no Brasil seguem em destaque, atingindo os melhores níveis do ano comercial. Esses prêmios têm sido fundamentais para estimular a comercialização da safra 2024/25 no país, compensando parte da pressão exercida pelas dificuldades logísticas e pela oscilação do mercado internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio