O mercado do algodão voltou a registrar pressão sobre os preços no Brasil. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), o Indicador do algodão em pluma voltou a operar abaixo da paridade de exportação, algo que não ocorria desde dezembro de 2024.
De acordo com os pesquisadores, tanto o Indicador quanto a paridade de exportação acumulam desvalorizações ao longo de 2025, influenciadas principalmente pela queda do dólar frente ao real, pela baixa do Índice Cotlook A e pela retração nos contratos futuros da Bolsa de Nova York (ICE Futures).
O cenário internacional, marcado pela instabilidade geopolítica e pelo aumento da oferta global de pluma, também contribuiu para o enfraquecimento das cotações internas. Nos últimos dias, porém, a recuperação do dólar diante do real trouxe ligeira melhora na paridade de exportação, amenizando parte das perdas no mercado doméstico.
Nova York acompanha queda do petróleo e pressiona preços do algodão
Na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures), os contratos do algodão fecharam em leve baixa nesta terça-feira (14), acompanhando a desvalorização do petróleo e a retração de outros mercados globais, incluindo as bolsas europeias.
Os contratos com entrega em dezembro de 2025 encerraram o dia cotados a 63,51 centavos de dólar por libra-peso, queda de 0,1%. Já o vencimento de março de 2026 caiu 0,3%, para 65,09 centavos de dólar por libra-peso.
Produção brasileira deve recuar em 2025/26, aponta Conab
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou seu primeiro levantamento para a safra 2025/26, estimando a produção nacional de algodão em pluma em 4,03 milhões de toneladas. O volume representa uma ligeira redução frente às 4,08 milhões de toneladas registradas na temporada anterior.
A produtividade média está projetada em 1.885 quilos por hectare, abaixo dos 1.954 quilos de 2024/25. Em contrapartida, a área plantada deve crescer 2,5%, alcançando 2,138 milhões de hectares, impulsionada principalmente pelo otimismo dos produtores diante da rentabilidade observada nos últimos ciclos.
Desempenho por estado: Mato Grosso recua, Bahia avança
O Mato Grosso, principal estado produtor, deve colher 2,77 milhões de toneladas de algodão em pluma, volume 3% menor que o registrado em 2024/25 (2,85 milhões de toneladas). Já a Bahia, segundo maior produtor, deve ter aumento de 2,5% na produção, totalizando 859,4 mil toneladas.
Em Goiás, a colheita está estimada em 54,6 mil toneladas, uma queda de 1,1% em relação à safra anterior.
Cenário ainda depende do câmbio e da demanda global
Especialistas do Cepea destacam que o comportamento do câmbio e o ritmo das exportações seguirão como fatores decisivos para a recuperação dos preços do algodão brasileiro nos próximos meses. A demanda internacional e as condições climáticas das principais regiões produtoras também serão determinantes para o equilíbrio entre oferta e preço no mercado global.
Fonte: Portal do Agronegócio