O mercado de algodão registrou desvalorizações em setembro tanto em Nova York (NY) quanto no Brasil, segundo o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA.
Em NY, a pluma recuou 1,4%, para US$ 64,7 por libra, marcando a segunda queda mensal consecutiva, influenciada pelo excesso de oferta global e pela pressão da queda nos preços do petróleo.
No Brasil, a pluma acumulou quatro meses seguidos de desvalorização, com recuo de 7,9%, sendo cotada a R$ 3,5 por libra em Rondonópolis (MT). O avanço da colheita, com beneficiamento próximo a 50%, e a demanda interna e externa ainda reticente, contribuíram para pressionar os preços, que atingem níveis mínimos em dois anos.
Mato Grosso e Bahia lideram produção nacional
Os estados de Mato Grosso (MT) e Bahia (BA) concentram mais de 91% da produção nacional, enquanto Maranhão (MA) e Piauí (PI) surgem como novas fronteiras de expansão.
Em MT, o IMEA revisou para cima a área colhida, 6% acima da temporada anterior. O clima favorável elevou a produtividade em mais de 1% em relação ao recorde estadual, resultando em produção de 3 milhões de toneladas de pluma, aumento de 15% sobre a safra passada.
Na Bahia, a Abrapa estima um crescimento de 19% na área plantada para a safra 2024/25, levando a um aumento de 14% na produção, mesmo com impactos do clima irregular. O uso de tecnologias avançadas e irrigação ajudou a melhorar a qualidade da fibra e reduzir perdas.
Oferta brasileira elevada pressiona estoques e mercado global
A forte produção brasileira deve elevar a oferta e os estoques internos em 2025/26, mesmo diante de boas perspectivas para exportações, que podem superar 3 milhões de toneladas. No entanto, a demanda interna permanece limitada, impactada por fatores econômicos como juros elevados, e o mercado global continua bem abastecido, com consumo estagnado.
A suspensão dos relatórios do USDA devido à paralisação do governo dos EUA trouxe insegurança sobre a produção americana, embora as lavouras apresentem condições melhores que no ano anterior, podendo gerar uma revisão positiva na safra americana 2025/26.
Cenário global: estoques altos e demanda contida
O mercado internacional segue cauteloso, com estoques elevados e demanda global limitada. Fatores como tarifas comerciais e incertezas nas negociações entre EUA e China mantêm investidores e contratos de longo prazo em expectativa. O recente corte de juros nos EUA ajudou a evitar quedas mais expressivas nos preços de NY, mas somente mudanças significativas, como avanços nas negociações comerciais, poderiam alterar a dinâmica do mercado.
Perspectivas para o algodão brasileiro
O Brasil deve continuar ampliando sua presença no mercado internacional, com produção recorde e exportações em alta. No entanto, a oferta elevada, combinada com demanda interna limitada e estoques globais altos, deve manter os preços sob pressão, com risco de novos recuos caso não haja aumento significativo na absorção pelo varejo têxtil ou mudanças nas condições externas.
Fonte: Portal do Agronegócio