Os preços do café arábica voltaram a subir nas bolsas internacionais nesta segunda-feira (20), impulsionados pela forte redução nos estoques brasileiros monitorados pela Intercontinental Exchange (ICE). Segundo dados divulgados pela ICE na sexta-feira (17), os armazéns da bolsa registraram o menor volume de grãos brasileiros desde outubro de 2020, com uma queda de 20%, totalizando 26.896 sacas.
A informação, divulgada pela Bloomberg, reforça a preocupação com a oferta global do produto, já que o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. A redução nos estoques ocorre em meio a um cenário de incertezas climáticas e disputas geopolíticas que afetam as principais economias.
Clima e exportações reduzem oferta e pressionam preços
De acordo com boletim do Escritório Carvalhaes, o mercado segue atento aos impactos das condições climáticas sobre a safra 2025, especialmente no Brasil, onde as chuvas irregulares têm afetado as floradas. Além disso, há uma expectativa de forte redução nos embarques nacionais no próximo ano, o que contribui para o avanço das cotações.
As incertezas também estão ligadas aos embates políticos e econômicos globais, que aumentam a cautela dos operadores e elevam a volatilidade nas negociações.
Negociações entre Brasil e Estados Unidos entram no radar do mercado
Outro ponto que tem influenciado o mercado é a expectativa em torno das negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Representantes dos dois governos se reuniram na última quinta-feira (17) para discutir possíveis revisões nas tarifas de importação aplicadas a produtos brasileiros — entre eles, o café.
As conversas, consideradas positivas por ambas as partes, podem resultar em um encontro entre os presidentes dos dois países nos próximos dias. Caso haja flexibilização da tarifa de 50% sobre o café brasileiro, o movimento pode alterar o cenário de preços no mercado futuro.
Cotações registram ganhos expressivos nas bolsas internacionais
Na manhã desta segunda-feira (20), o café arábica operava em alta na ICE. O contrato para dezembro/2025 avançava 955 pontos, sendo negociado a 407,00 cents/lbp; o de março/2026 subia 840 pontos, a 384,00 cents/lbp; e o de maio/2026 tinha valorização de 730 pontos, cotado a 367,65 cents/lbp.
O café robusta também acompanhava o movimento de valorização. O contrato para novembro/2025 subia US$ 26, para US$ 4.578/tonelada, enquanto o de janeiro/2026 registrava alta de US$ 53, a US$ 4.531/tonelada.
Na sexta-feira (17), o arábica fechou a semana acumulando alta de 6,5%. O contrato para dezembro/2025 encerrou a 397,45 cents/lbp, alta de 0,9%, enquanto o de março/2026 terminou o dia a 375,60 cents/lbp, avanço de 0,6%.
Expectativas seguem positivas para o curto prazo
Com a combinação de estoques reduzidos, clima instável e expectativas sobre a política comercial entre Brasil e Estados Unidos, os analistas apontam que o mercado de café deve continuar volátil nas próximas semanas. A preocupação com a oferta global e as condições de produção no Brasil devem seguir como os principais fatores de sustentação dos preços.
Fonte: Portal do Agronegócio