A relação de troca entre o boi gordo e o bezerro tem se deteriorado nas últimas semanas, refletindo o desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado de reposição. De acordo com a Agrifatto Consultoria, a menor oferta de bezerros e a procura crescente pela categoria elevaram os preços, transformando a dinâmica entre criadores e invernistas.
Leonardo Marin, consultor de gestão de riscos da Agrifatto, explica que o cenário atual é consequência do maior abate de fêmeas nos últimos anos, que reduziu a produção de bezerros. “Em outubro se encerra a janela de compra com preços mais baixos. Quem precisa repor os animais já sente essa diferença desde o ano passado. A oferta diminuiu e a demanda continua aquecida”, afirma.
Preços em alta e relação de troca abaixo da média
Os dados confirmam a tendência de valorização dos bezerros: desde outubro do ano passado, a arroba do boi gordo caiu 10%, enquanto o bezerro subiu 14%, atingindo níveis não vistos desde 2022. Essa diferença contribuiu para a piora da relação de troca, que permanece abaixo da média histórica, mas ainda competitiva no curto prazo.
Marin observa que o momento sinaliza uma mudança de ciclo na pecuária, com impactos distintos para criadores e invernistas. “Para os criadores, o cenário é positivo: o mercado de bezerros está em valorização e deve continuar assim pelos próximos dois anos. Já para o invernista, a melhor estratégia é estocar arrobas na fazenda, travando preços e custos, mesmo com o fim da janela de oportunidade de compras”, orienta.
Mercado de reposição segue valorizado
Dados da Scot Consultoria reforçam o movimento de valorização: em sete das oito praças acompanhadas na última semana, os preços de bovinos magros subiram. Entre as categorias, o garrote registrou o maior acréscimo (3,7%), seguido pelo bezerro de ano (2,3%), bezerro de desmama (1,5%) e boi magro (0,6%). A oferta restrita, especialmente para o boi magro destinado ao confinamento, tem pressionado a alta.
Chuvas favorecem recuperação das pastagens
No curto prazo, o retorno gradual das chuvas tem contribuído para a melhora da qualidade das pastagens, o que aumenta o poder de negociação do comprador. Com capins mais verdes e nutritivos, os custos de alimentação podem ser diluídos, incentivando maior demanda por bovinos magros.
Segundo Marin, este é um momento de atenção e planejamento: quem souber interpretar os sinais do ciclo pecuário poderá aproveitar oportunidades estratégicas no mercado de reposição.
Fonte: Portal do Agronegócio