O RaboResearch, divisão de análises econômicas do Rabobank, divulgou seu mais recente conjunto de previsões macroeconômicas para o Brasil. O estudo aponta que o país entra em 2026 sob um cenário de crescimento moderado, câmbio pressionado e desafios fiscais persistentes.
Dólar deve atingir R$ 5,70 até o fim de 2026
De acordo com o relatório, o dólar deve encerrar 2025 cotado a R$ 5,55, chegando a R$ 5,70 no fim de 2026. O desempenho fraco da moeda americana frente a outras do G10 não tem sido suficiente para favorecer o real, que enfrenta incertezas domésticas, como o aumento do déficit em conta corrente e a fragilidade fiscal.
O Rabobank destaca que o déficit em conta corrente do Brasil somou US$ 46,8 bilhões nos oito primeiros meses de 2025, contra US$ 36,8 bilhões no mesmo período do ano anterior. O superávit comercial, antes projetado acima de US$ 90 bilhões, foi revisto para US$ 64,4 bilhões, devido ao avanço das importações e ao câmbio valorizado.
Pressão fiscal continua e dívida pública deve crescer
O estudo alerta para o deterioramento do quadro fiscal brasileiro. Após a rejeição da MP 1303 pela Câmara dos Deputados — medida que substituía o aumento do IOF por novas fontes de arrecadação —, o impacto fiscal estimado chegou a R$ 46,5 bilhões até 2026.
Com isso, o Rabobank projeta que o resultado primário fique em -0,6% do PIB em 2025 e -1,0% em 2026, distante da meta oficial de superávit de 0,25%. Já a dívida bruta deve subir de 81,4% do PIB em 2025 para 83,6% em 2026, mesmo após a aprovação da reforma do Imposto de Renda.
Crescimento do PIB deve desacelerar para 1,6% em 2026
A equipe do RaboResearch estima que o PIB brasileiro cresça 2,0% em 2025 e desacelere para 1,6% em 2026. O enfraquecimento da atividade reflete os efeitos defasados da política monetária e a lenta recuperação do crédito, especialmente o consignado.
Por outro lado, o pagamento de R$ 64 bilhões em precatórios e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores com renda até R$ 5 mil mensais devem oferecer algum fôlego ao consumo das famílias.
Inflação deve encerrar 2026 em 4,2%
A inflação mostra sinais de moderação, mas ainda desafia o Banco Central. O IPCA deve fechar 2025 em 4,6% e 2026 em 4,2%, segundo o Rabobank. A valorização do real e a queda nos preços no atacado têm ajudado a conter os preços de alimentos e bens industriais, enquanto os serviços continuam pressionados pela melhora da renda real.
O relatório também cita que os preços regulados foram beneficiados pela queda de 16% no preço do barril de petróleo em 2025, o que ajudou a estabilizar o valor da gasolina. Já a energia elétrica acumulou alta de 16,42% no mesmo período.
Juros devem permanecer altos até meados de 2026
O banco mantém a projeção de Selic em 15% ao ano até o segundo trimestre de 2026, quando espera o início de um ciclo de cortes. O Banco Central segue comprometido com o combate à inflação e deve manter juros reais elevados até que as expectativas convirjam para a meta.
O Rabobank avalia que a desaceleração da economia e a estabilidade no mercado de trabalho devem ajudar no processo de desinflação, mas alerta que medidas fiscais e parafiscais podem adiar esse movimento.
Perspectiva geral: 2026 de desafios e ajustes
De forma geral, o Rabobank projeta um 2026 marcado por crescimento moderado, inflação controlada, mas com riscos fiscais relevantes. O cenário externo incerto, a aproximação das eleições e a fragilidade das contas públicas devem continuar influenciando o câmbio e o ambiente econômico doméstico.
Fonte: Portal do Agronegócio