De 22 a 25 de outubro, estudantes e professores da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) participaram do Festival Iguassu Inova, em Foz do Iguaçu (PR), evento reuniu iniciativas voltadas à ciência, tecnologia, turismo e economia criativa. A equipe da UFGD apresentou 21 projetos de extensão desenvolvidos no âmbito do Programa de Extensão para Sustentabilidade Territorial da Itaipu Binacional, parceria entre a Itaipu Binacional, o Itaipu Parquetec e 16 Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil.
Entre as iniciativas, o projeto “Sistemas construtivos mais sustentáveis: implementação de estufas agrícolas”, coordenado pelo professor Dr. Christian Souza Barboza, da Faculdade de Engenharia (FAEN/UFGD), foi destacado pela equipe avaliadora da Itaipu Parquetec e escolhido para representar Mato Grosso do Sul na cerimônia de encerramento do programa. A seleção reconheceu a relevância do tema, a inovação tecnológica, a diversidade cultural, a abrangência territorial e a vinculação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“Esse reconhecimento tem grande importância simbólica e institucional, pois reforça a qualidade técnica, a relevância social e o caráter inovador do projeto”, afirmou o professor Christian Barboza. Segundo ele, o destaque em um evento nacional promovido pela Itaipu Parquetec “amplia o reconhecimento da UFGD como referência em tecnologias sociais e construtivas sustentáveis, fortalecendo sua presença no cenário científico e extensionista nacional”.
Soluções sustentáveis para comunidades tradicionais
 

O projeto tem como objetivo desenvolver estufas agrícolas sustentáveis a partir de materiais alternativos e técnicas construtivas inovadoras, com destaque para o uso de estruturas geodésicas metálicas — soluções leves, resistentes e de fácil montagem, que reduzem o consumo de materiais e o impacto ambiental.
A iniciativa busca integrar inovação tecnológica e saberes tradicionais, promovendo o uso de sistemas construtivos voltados à agricultura familiar e a comunidades em situação de vulnerabilidade socioambiental. De acordo com Barbosa, o projeto “fomenta a segurança alimentar, valoriza práticas produtivas sustentáveis e aproxima o conhecimento científico das demandas reais do campo, estimulando o desenvolvimento de tecnologias sociais aplicadas à construção civil e à produção agroecológica”.
As estufas geodésicas foram implementadas de forma participativa em quatro comunidades sul-mato-grossenses: Aldeia Bororó (Dourados), Quilombo Desidério Felipe de Oliveira (Dourados), Aldeia Cachoeirinha (Miranda) e Assentamento Geraldo Garcia (Sidrolândia). Em cada local, as construções envolveram acadêmicos, bolsistas e moradores, promovendo intercâmbio de saberes e formação técnica local.
Nos sistemas construtivos, foram empregados materiais de baixo impacto ambiental e alta durabilidade, desenvolvidos em parte no Laboratório de Engenharia Civil da UFGD. As fundações utilizam concreto com incorporação de garrafas PET processadas, e as estruturas metálicas zincadas seguem o modelo geodésico modular, que garante leveza, resistência e reaproveitamento do material. As coberturas em sombrite e lonas translúcidas aproveitam a iluminação natural e auxiliam no controle térmico e de umidade.
“Optamos por técnicas modulares e de montagem rápida, que reduzem o desperdício e permitem que as próprias comunidades façam a manutenção e replicação das estruturas”, explicou o coordenador.
O projeto beneficiou diretamente povos indígenas (Guarani-Kaiowá e Terena), quilombolas e assentados rurais, fortalecendo a produção agroecológica e a segurança alimentar. Também envolveu estudantes e pesquisadores da UFGD, que participaram de todas as etapas de pesquisa, projeto e execução, ampliando a formação prática e a vivência em tecnologias sustentáveis.
Entre os resultados observados até o momento estão o aumento da produção agrícola local, a redução de perdas por variações climáticas e a maior oferta de alimentos frescos e orgânicos. O professor Christian destacou ainda que o projeto tem fortalecido a integração entre ensino, pesquisa e extensão, consolidando a universidade como “um agente de transformação social e tecnológica no território”.
Perspectivas de expansão
 

O modelo desenvolvido pela equipe pode ser replicado em outras comunidades e regiões do estado, pois utiliza materiais acessíveis, técnicas simples de execução e metodologia participativa, que integra ensino, pesquisa e extensão.
“A visibilidade alcançada com o reconhecimento no Festival Iguassu Inova abre novas perspectivas de continuidade e expansão, com possibilidade de captação de recursos e formação de novas redes de colaboração entre universidades, órgãos públicos e comunidades”, afirmou Barboza.
A equipe é formada pelos estudantes João Gabriel de Matos Pinheiro, Lucas Boa Sorte Portugal Porangaba, Maria Luiza Martins Lopes e Beatriz Mendes Moreira, sob orientação do professor Christian Souza Barboza.
Sobre o Festival Iguassu Inova
O Festival Iguassu Inova 2025 foi uma jornada de quatro dias dedicada à inovação, ciência, tecnologia, turismo e economia criativa, reunindo participantes de todo o país e da América Latina. A programação incluiu atividades do Latinoware, Ficiências, Summit Tour, Itaipu Parquetec e Sapiens, celebrando a criatividade e o conhecimento em múltiplas áreas.
O evento é uma realização do Itaipu Parquetec, em parceria com a Itaipu Binacional e o Governo Federal, com patrocínio de Polkadot, N&DC, Hub1601, Fundo Iguaçu, Visit Iguassu, Heineken e Outback, além de apoio do Sebrae e da Embratur, e promoção da RPC.
Mais informações estão disponíveis em: www.festivaliguassuinova.com.br.
Jornalismo/UFGD