O relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, traz uma leitura abrangente sobre o mercado do boi gordo. Segundo o documento, os abates bovinos cresceram 7% no terceiro trimestre de 2025, impulsionados pela boa rentabilidade dos confinamentos e pela gestão eficiente de riscos adotada por produtores que aproveitaram os melhores momentos para fixar preços.
Em setembro, o crescimento foi ainda mais expressivo, chegando a 13% em relação ao mesmo mês de 2024. Dados preliminares do Serviço de Inspeção Federal (SIF) indicam que, em outubro, os abates podem ter registrado alta de 15% sobre o mesmo período do ano anterior.
Confinamentos aquecidos ampliam oferta e limitam ganhos
As margens positivas observadas ao longo de 2025 motivaram produtores a intensificar a engorda de animais, aumentando a oferta de gado terminado. O contrato com vencimento em outubro chegou a ser negociado acima de R$ 330 por arroba durante parte do período entre março e agosto, encerrando o mês em R$ 317/@.
Mesmo com esse cenário, a maior disponibilidade interna de carne acabou limitando uma valorização mais expressiva dos preços, apesar da forte demanda internacional.
Exportações batem recorde e sustentam o mercado
O bom desempenho das exportações foi um dos principais fatores de sustentação do mercado no período. Em setembro e outubro, o Brasil registrou dois recordes consecutivos, embarcando 315 mil e 320 mil toneladas de carne bovina in natura, respectivamente — o que representa alta de 16,7% em relação ao acumulado de janeiro a outubro de 2024.
Ainda assim, o aumento expressivo dos abates manteve o mercado interno bem abastecido. Mesmo com essa pressão, o boi gordo apresentou recuperação entre o fim de setembro e meados de novembro, subindo 5,6%, enquanto a carcaça casada valorizou 7,9% no mesmo intervalo.
Relação de troca se deteriora com alta no custo do bezerro
Embora o preço do boi tenha reagido nos últimos meses, a relação de troca entre boi gordo e bezerro piorou consideravelmente. No comparativo entre outubro de 2024 e outubro de 2025, o boi paulista ficou 4,8% mais barato, enquanto o bezerro em Mato Grosso do Sul subiu 15,4%.
Essa diferença pressiona a rentabilidade dos pecuaristas, principalmente aqueles focados em recria e engorda.
Incertezas com a China pressionam contratos futuros
O relatório também destaca a influência dos rumores sobre possíveis medidas protecionistas da China, principal destino da carne bovina brasileira. Especulações indicam que o país poderia restringir as importações devido ao excesso de oferta interna.
Embora a decisão — inicialmente prevista para agosto de 2025 — tenha sido adiada para novembro, a incerteza já impactou o mercado. Nas últimas semanas, os contratos futuros recuaram entre R$ 10 e R$ 13/@, refletindo o receio dos agentes.
Atualmente, o mercado chinês responde por cerca de 50% das exportações brasileiras, o que torna qualquer mudança política um fator crucial para o equilíbrio de preços.
Cenário de curto prazo segue positivo
Apesar dos rumores, não há confirmação oficial de novas restrições chinesas, e o cenário de curto prazo segue favorável. O Itaú BBA projeta que, se os abates não se mantiverem acima de 10% em novembro e dezembro, deve haver redução na oferta interna, favorecendo uma alta nos preços da carne nas próximas semanas.
A demanda doméstica aquecida e o alívio nas barreiras comerciais com os Estados Unidos também reforçam a tendência positiva no curto prazo.
Perspectivas para 2026: menor oferta e custos mais competitivos
Para 2026, o Itaú BBA projeta um cenário otimista para a pecuária brasileira, com redução na oferta de gado terminado, custos de produção mais competitivos e demanda externa consistente. Além disso, a menor produção e exportação de carne bovina nos Estados Unidos tende a favorecer o Brasil no mercado internacional.
O principal ponto de atenção segue sendo o aumento no custo da reposição, que exige preços ajustados para manter a rentabilidade dos sistemas de terminação.
Fonte: Portal do Agronegócio