O dólar abriu a sessão desta sexta-feira (21) em alta de 0,36%, cotado a R$ 5,3541 às 9h (horário de Brasília). O movimento reflete a cautela dos investidores diante de incertezas externas e do cenário político e econômico norte-americano.
Na última quarta-feira (19), a moeda norte-americana havia encerrado o dia com valorização de 0,38%, negociada a R$ 5,3380. No acumulado da semana, o dólar registra avanço de +0,78%, enquanto no mês acumula queda de -0,78% e, no ano, desvalorização de -13,62%.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), iniciou o dia operando de forma instável, após encerrar a última sessão em queda de 0,73%, aos 155.351 pontos. No acumulado da semana, o índice recua 1,49%, mas ainda apresenta alta de 3,91% no mês e expressiva valorização de 29,19% no acumulado de 2025.
Alívio tarifário dos EUA anima investidores brasileiros
No ambiente doméstico, a ampliação da lista de produtos brasileiros isentos de tarifas pelos Estados Unidos tem animado o mercado, ao sinalizar um possível aumento das exportações nacionais. Essa medida é vista como positiva para setores produtivos, especialmente o agronegócio, que depende diretamente da competitividade internacional.
Além disso, o cenário interno de inflação sob controle e a expectativa de manutenção da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central reforçam a percepção de estabilidade e atraem capital estrangeiro ao país.
Incertezas externas seguem no radar dos investidores
No exterior, o mercado acompanha atentamente os dados de emprego e atividade econômica dos Estados Unidos, além dos discursos de autoridades do Federal Reserve (Fed). As projeções sobre os próximos passos da política monetária americana seguem dividindo opiniões, o que mantém os investidores em compasso de espera.
As incertezas quanto ao ritmo dos cortes de juros pelo Fed continuam influenciando o comportamento do dólar e de outras moedas emergentes, incluindo o real.
Superávit comercial cresce em outubro, mas saldo anual ainda é menor
De acordo com o Indicador de Comércio Exterior (ICOMEX), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7 bilhões em outubro, um aumento de US$ 2,9 bilhões em relação ao mesmo mês de 2024.
As exportações cresceram 9,1%, enquanto as importações caíram 0,8%. Em volume, houve alta de 11,3% nas exportações e queda de 2,5% nas importações.
No acumulado do ano até outubro, o saldo comercial é de US$ 52,4 bilhões, uma redução de US$ 10,4 bilhões frente ao mesmo período do ano anterior. O desempenho é explicado pela queda do superávit com a China, que passou de US$ 30,4 bilhões para US$ 24,9 bilhões, e pelo aumento do déficit com os Estados Unidos, de US$ 1,4 bilhão para US$ 6,8 bilhões.
Entre os produtos, petróleo, minério de ferro e soja continuam liderando as exportações, com crescimentos em valor de 9%, 29,5% e 42,7%, respectivamente. A indústria extrativa foi o grande destaque, com alta de 21,1% em outubro.
Saída de dólares aumenta no mês de novembro
Segundo dados do Banco Central, o Brasil registrou saída líquida de US$ 3,004 bilhões em novembro até o dia 14, resultado das operações de câmbio contratadas no período.
No canal financeiro — que engloba investimentos estrangeiros, remessas de lucros e aplicações financeiras — houve saída líquida de US$ 2,536 bilhões. Já no canal comercial, relacionado às exportações e importações, o saldo foi negativo em US$ 468 milhões.
No acumulado do ano até 14 de novembro, o país apresenta déficit cambial de US$ 15,688 bilhões, indicando mais saídas do que entradas de dólares no mercado nacional.
Impactos no agronegócio
A valorização do dólar tende a beneficiar exportadores de commodities agrícolas, como soja, milho, carne e café, ao tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional.
Entretanto, o aumento da moeda americana também encarece a importação de insumos, como fertilizantes e defensivos agrícolas, o que pode pressionar os custos de produção no campo.
O resultado da balança comercial de outubro reforça o bom desempenho do setor externo brasileiro, mas a redução do saldo acumulado no ano serve de alerta para os desafios da competitividade e da dependência de mercados estratégicos, como China e Estados Unidos.
Panorama econômico atualizado
De acordo com o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, a projeção para a inflação de 2025 foi revisada para 4,46%, ficando abaixo do teto da meta pela primeira vez no ano. O crescimento do PIB, por sua vez, deve ficar em torno de 2,16%, refletindo um cenário de desaceleração econômica global, mas ainda com perspectivas positivas para o agronegócio.
Nos mercados de renda fixa, os juros futuros recuam nos contratos de curto e médio prazo, indicando expectativa de redução da Selic nos próximos meses, o que tende a favorecer o crédito e o investimento no setor produtivo.
Fonte: Portal do Agronegócio