O aumento do índice de etanol e biodiesel nos combustíveis autorizado na semana passada pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) tem vantagens econômica e ambiental e pode favorecer o setor agroindustrial do Estado, na avaliação do secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck. “Isso favorece significativamente a redução das emissões de CO2 e, por outro lado, obviamente, aumenta a demanda interna pelo etanol, o que é bom toda a cadeia produtiva nacional”, disse Verruck.
A mistura obrigatória de etanol na gasolina passará de 27% para 30% e do biodiesel no diesel, de 14% para 15%. Os novos percentuais entram em vigor a partir de 1º de agosto. O Governo Federal estima que, com a medida, o Brasil pode voltar a ser autossuficiente na produção de gasolina em 15 anos e o preço do combustível pode cair até 20 centavos nos postos, tendo em vista que o custo do etanol é menor.
Conforme dados da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), foram produzidos 3,163 bilhões de litros de etanol hidratado no Estado em 2024 e outros 1,146 bilhão de litros do etanol anidro. O etanol hidratado é o combustível usado nos carros híbridos ou a álcool e o etanol anidro é utilizado para misturar na gasolina. Já com relação ao consumo, foram 370 milhões de litros do etanol hidratado no mesmo ano segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Biocombustíveis e Derivados), o que equivale a menor de um terço da produção.
Com o aumento do percentual de etanol na gasolina, o mercado interno do produto será favorecido, pondera o secretário. Já em relação ao biodiesel, o impacto maior será na descarbonização da economia. “Nós sabemos que, dentro da estrutura de descarbonização, um dos combustíveis fósseis mais poluentes é o diesel e nossa matriz de transporte está totalmente calcada nesse patamar”, disse.
A medida do CNPE pode ampliar a possibilidade de novos investimentos no Estado, que já é um grande produtor de etanol e também biodiesel, conforme posicionamento da Biosul em nota divulgada logo após o anúncio. “A ampliação da mistura fortalece a indústria local, atrai investimentos, gera empregos e estimula a produção de etanol anidro que pode gerar mais receita tributária ao Estado, reforçando o seu protagonismo na produção de energia limpa e na contribuição à transição energética do país”.
O secretário Jaime Verruck complementa: “Nós temos no Estado usinas de produção de biodiesel. Então isso amplia o mercado na área da soja que é importante produtor de óleo de soja para a produção de biodiesel e também de outros de resíduos industriais que são utilizados para a produção de biodiesel. É uma medida extremamente favorável e positiva com um alinhamento muito forte para aumentar o uso do combustível renovável no consumo, melhorar o perfil de emissões no Brasil e no Mato Grosso Sul e estimular a indústria brasileira que já é uma indústria de competitividade global nessa área”, afirmou.
Texto: João Prestes