Nesta terça-feira (1º), o mercado internacional de açúcar opera em queda, pressionado pela incerteza sobre a demanda global e a perspectiva de oferta excedente. Os contratos para outubro de 2025 recuam 2,47%, negociados a 15,80 cents de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova Iorque. Já os contratos para março de 2026 caem 2,13%, cotados a 16,58 cents.
Superávit global reforça cenário negativo
A queda dos preços se intensificou na segunda-feira, quando o açúcar atingiu a mínima dos últimos quatro anos e meio, com forte liquidação do contrato de julho devido à expectativa de grandes entregas antecipadas. A consultoria Czarnikow agravou o quadro ao projetar um superávit global de 7,5 milhões de toneladas para a safra 2025/26 — o maior em oito anos.
Produção brasileira registra queda significativa
Segundo dados da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a moagem no Centro-Sul somou 38,78 milhões de toneladas na primeira quinzena de junho, uma queda de 21,49% em relação às 49,40 milhões do mesmo período da safra anterior. No acumulado até 16 de junho, o total processado foi de 163,58 milhões de toneladas, recuo de 14,33% na comparação anual.
Atualmente, 255 unidades operam na região, número similar ao de 2024, mas o excesso de umidade dificulta a colheita. “Estamos com 95% da capacidade ativa, porém o volume colhido está abaixo da média devido à umidade excessiva”, explica Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA.
Qualidade da matéria-prima também diminui
O indicador ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) caiu para 128,66 kg por tonelada de cana na primeira quinzena de junho, contra 134,55 kg/t no mesmo período do ano anterior, uma redução de 4,37%. No acumulado da safra, a retração é de 4,54%.
Produção de açúcar e etanol em queda
Na quinzena, a produção de açúcar totalizou 2,45 milhões de toneladas, queda de 22,12% em relação aos 3,15 milhões do ano passado. No acumulado da safra, a produção soma 9,40 milhões de toneladas, contra 11,02 milhões no ciclo anterior (-14,63%).
A produção de etanol também registrou recuo na primeira quinzena de junho:
No acumulado, a produção totalizou 7,50 bilhões de litros, sendo 4,94 bilhões de hidratado e 2,56 bilhões de anidro, redução de 14,21% em relação ao ano anterior.
Açúcar cristal branco registra menor preço desde 2021 no mercado paulista
No mercado spot paulista, o açúcar cristal branco atingiu seu menor preço nominal desde julho de 2021. Na sexta-feira (27), o Indicador CEPEA/ESALQ (Icumsa 130-180) fechou em R$ 117,00 por saca de 50 kg, com queda acumulada de 4,4% na semana. Mesmo em queda, o açúcar continua sendo mais rentável para o mercado interno do que para exportação.
Etanol fecha junho em alta
Ao contrário do açúcar, o etanol encerrou o mês de junho em valorização. Entre os dias 23 e 27, o etanol hidratado subiu 1,57%, com o indicador CEPEA/ESALQ cotado a R$ 2,6099 por litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins). O etanol anidro teve alta de 2,84%, negociado a R$ 2,9962 por litro.
Segundo o CEPEA, fatores como as chuvas, geadas, aumento da mistura obrigatória de anidro para 30% e maior volume de vendas pelas usinas foram determinantes para sustentar a alta dos preços.
Fonte: Portal do Agronegócio