O relatório Agro Mensal de setembro, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, destaca as recentes tendências do mercado de trigo e as atualizações para as principais commodities agrícolas. O aumento dos preços do trigo é impulsionado por desafios de produção em vários países e a estabilidade dos preços dos grãos em geral, combinada com a redução nas exportações da Rússia.
Em Chicago, as cotações do trigo terminaram agosto com uma leve alta, a USD 5,33 por bushel. Nos primeiros dez dias de setembro, os preços subiram 4,3%. O clima favorável para o cultivo nos Estados Unidos, aliado à expectativa de uma safra recorde, pressionou os preços para baixo no início do mês. No entanto, a diminuição no fluxo de exportações russas fez com que os preços subissem.
Na oferta global, o clima excessivamente úmido na França e na Alemanha prejudicou a produção, levando à redução nas estimativas das associações locais para a safra atual. Na Rússia, a safra também foi impactada por condições climáticas adversas, como seca, geadas e frio extremo.
A conclusão da colheita de trigo nos EUA e na França, que se estenderá aos principais países exportadores do Hemisfério Norte nas próximas semanas, exerce pressão sobre os preços. A estratégia da Rússia inclui oferecer descontos em seu trigo antes do inverno, aproveitando a janela de exportação limitada antes que o rigoroso inverno restrinja o uso dos principais portos russos.
O USDA revisou para cima a produção e o consumo global de trigo em seu último relatório, elevando os estoques, mas o balanço permanece apertado. A relação estoque/consumo é a menor dos últimos dez anos, com apenas 31,9% para a safra 2024/25. Além disso, a estabilidade nos preços do milho tem melhorado a demanda por trigo como ração animal.
No Brasil, a elevada taxa de importações e a aproximação da colheita podem influenciar o preço do trigo no mercado interno. Segundo o último relatório da CONAB, mais da metade do trigo está em estágio de floração e enchimento de grãos, com perspectivas positivas para a produtividade. A colheita em setembro já começou nos estados do Sudeste, Centro-Oeste e em partes do norte do Paraná. A produção nacional para a safra 2024 deve alcançar cerca de 8,8 milhões de toneladas, 9% acima da safra anterior.
Importações de trigo em maio, junho e julho foram recordes para esses meses. Embora agosto tenha visto uma redução, as importações ainda foram superiores à média mensal. A sazonalidade típica do período geralmente indica uma queda nas importações brasileiras, mas os descontos significativos no trigo russo incentivaram as compras dos moinhos brasileiros. Com o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, a Rússia adotou uma estratégia agressiva de descontos, aumentando sua participação no mercado brasileiro, que antes era dominado pelos EUA e Canadá.
Apesar do aumento nas importações e da perspectiva de maior produção nacional, os preços internos do trigo não foram significativamente impactados. No Paraná, a saca do cereal terminou agosto praticamente estável a R$76, mas subiu quase 4% nos primeiros dez dias de setembro, chegando a R$79. A expectativa é que o maior volume da colheita no final de setembro e em outubro pressione os preços internos, especialmente se as importações não diminuírem substancialmente.
Fonte: Portal do Agronegócio