A produção de algodão no Brasil para a safra 2023/24 foi revisada pela consultoria Safras & Mercado, agora estimada em 3,66 milhões de toneladas. Este ajuste reflete um leve aumento na área semeada, somado a uma perspectiva mais otimista em relação à produtividade das lavouras. A área plantada foi elevada de 1,97 para 1,99 milhão de hectares, impulsionada por resultados melhores que o esperado em estados como Bahia e Mato Grosso. Esse incremento representa um crescimento de aproximadamente 19% em comparação à safra anterior, que havia registrado 1,68 milhão de hectares.
Segundo Gil Barabach, consultor e analista de Safras & Mercado, o algodão conquistou mais espaço, avançando sobre áreas anteriormente destinadas ao milho de segunda safra no Mato Grosso, motivado pela maior rentabilidade da fibra. "Na Bahia, segundo maior produtor do país, a área plantada com algodão cresceu 10% em relação ao ano anterior", complementa Barabach.
Apesar da ampliação da área plantada, a produtividade nesta safra 2023/24 foi impactada negativamente pela escassez de chuvas durante as fases iniciais do desenvolvimento das lavouras. "Entretanto, a melhoria no nível de umidade na etapa final do ciclo vegetativo permitiu uma revisão positiva nas projeções de produtividade", pondera o consultor. De modo geral, a produção de algodão no Brasil deve apresentar um crescimento em torno de 13% em relação ao ano anterior, quando foram colhidas 3,25 milhões de toneladas. No entanto, esse aumento é menor do que o da área plantada, devido às condições climáticas adversas que reduziram a produtividade média em comparação à safra 2022/23.
Esse avanço na produção deve favorecer as exportações brasileiras de algodão, que são projetadas para atingir 2,85 milhões de toneladas na temporada 2024/25 (de agosto a julho). Esse volume representa um incremento de 6% em relação ao ciclo 2023/24, quando as exportações totalizaram 2,68 milhões de toneladas, consolidando o Brasil como o principal exportador mundial da fibra. "No entanto, a concorrência internacional tende a ser mais acirrada nesta temporada, especialmente com os Estados Unidos, que devem colher mais algodão neste ano e manter uma postura agressiva no mercado", alerta Barabach.
No mercado interno, a demanda por algodão deve crescer em torno de 4%, alcançando 710 mil toneladas. Esse aumento é influenciado pelo preço mais baixo do algodão, pela maior produção e pelas melhores projeções de crescimento da economia brasileira. "Ainda assim, o aumento da demanda interna não será suficiente para absorver o crescimento da produção, o que resultará em um acréscimo nos estoques ao final da temporada 2024/25, estimados em 938 mil toneladas", explica Barabach. Esse volume representa um aumento de 12% em comparação ao ciclo anterior.
Para a próxima safra 2024/25, correspondente à temporada comercial 2025/26 (de agosto a julho), há expectativa de um novo crescimento na área plantada com algodão, impulsionada pelo interesse crescente dos produtores na fibra como alternativa mais lucrativa em comparação ao milho. Além disso, observa-se um retorno de áreas anteriormente destinadas ao milho e o interesse de novos produtores, especialmente nas regiões agrícolas emergentes do Matopiba. A intenção de plantio medida em julho pela Safras apontou um aumento de 2,5% na área, mas os movimentos nas regiões-chave do Mato Grosso e da Bahia sugerem que esse crescimento pode ser ainda maior do que o inicialmente previsto.
Fonte: Portal do Agronegócio